OVÍDIO - O Espantalho sem cor
"Pintem-me por favor" era o estímulo que o Espantalho Ovídio propunha a todas as crianças que se aproximassem dele. Pediu ao seu mestre, o trasgo Adélio, para ficar sem cor porque, pensava ele, dessa forma cada criança poderia batizá-lo, pintá-lo e vesti-lo de acordo com a sua imaginação e sensibilidade. Conheceu um velho pardal que, como já não podia voar para muito longe, vivia num parque que estava sempre cheio de crianças. Pediu ao mestre criador de espantalhos para ser lá colocado porque era o local ideal para concretizar o seu magnânimo projeto.
As almejadas aventuras criativas transformaram-se num pesadelo quando a COVID-19, uma terrível pandemia se abateu sobre o planeta e chegou à cidade. Era muito contagiosa, transmitia-se pelas gotículas da saliva (ao tossir, espirrar, pelos beijinhos e pelas mãos). Era mortal, por isso, fecharam as escolas, creches, fábricas, restaurantes, cafés, recintos desportivos e os parques infantis. Foi decretado confinamento obrigatório, era expressamente proibido sair de casa.
Ninguém informou o Ovídio e o seu amigo sobre a COVID-19 e a crise pandémica que causou. Quando pediu ao velho pardal para perguntar a um bando de borboletas, que passou lá no alto, porque motivo as crianças tinham desaparecido do parque a resposta que os seus ouvidos entenderam não podia ser mais cruel para o pobre espantalho: É por causa do Ovídio.
Depois do confinamento o mestre Adélio apareceu, desfez o mal entendido que o pardal inconscientemente provocou e tentou recuperar o tempo perdido. Percorreu todas as escolas e instituições da cidade a contar a história do Ovídio, o espantalho que amava as crianças e por causa da Covid 19 viveu momentos de profunda tristeza. Entregou a todos os meninos um pequeno espantalho sem cor, que representava o Ovídio, e pediu-lhes que o decorassem com toda a liberdade criativa. E as crianças não se fizeram rogadas e, com apoio de familiares e amigos devolveram 1000 espantalhos. E agora? Qual será a escolha do OVÍDIO?
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